
Uma das primeiras coisas que me choca cada vez que eu vou ao Brasil é a violência. Morando em Cuba, nunca vi/fui/soube de um assalto, não tinhámos medo. Podia-se andar nas ruas a qualquer hora, pegar carona, ir na casa dos outros que você nem conhece e achou o endereço na internet... Então quando chego ao Brasil me sinto totalmente despreparada para enfrentar a violência, me esquecia de andar com os vidros do carro fechados, de que não se atende celular em qualquer lugar, de que não se deve andar com fones de ouvido grandes que chamem a atenção. Não parar em semaforo a noite, uma vez eu quase causei um acidente por isso, estavamos em um cruzamento onde não era aconselhavem parar de noite, o semaforo ficou vermelho, tinha um monte de gente esquisita nas esquinas, eu fiquei apavorada, não sabia se ia se ficava, tinha um carro vindo e o sinal estava verde para ele, fui meio freiando continuando sabe? No fim o cara ficou puta porque achou que eu ia passar o sinal e parou no meio do cruzamento e me esculachou geral, nessa hora fiquei com mais medo dele do que do povo esquisito da esquina. Foi muito dificil me adaptar a isso e olha que eu morava em Belo Horizonte.


Quando moramos no Rio o medo era bem maior, nós moravamos na Zona Sul e iamos todos os dias para a Zona Norte. Vimos de tudo, assalto, minha amiga foi assaltada em plena Vieira Souto, vimos policiais armados parando os onibus e revistando o pessoal (nessa hora você fica mais com medo deles do que qualquer coisa e ai se correr o bicho pega e se ficar o bicho come). Em compensação quando voltei a morar em BH depois de 6 meses de Rio de Janeiro ninguém me assustava mais!
O transito tambem é um quesito a se considerar, meu esposo e eu gastavamos diariamente 1 hora para ir e 1hora e meia para voltar do trabalho, DE CARRO em Belo Horizonte! No Rio de Onibus, Zona Norte/Zona Sul eu nem comento, eram em média 2 horas para voltar. Fora o dia que estavam queimando onibus em uma favela e os onibus não passavam de jeito nenhum, ficamos mais de 1 hora esperando e no final tivemos que andar até a garagem do onibus.

A questão da saúde tambem me incomodou bastante, eu vivi os dois lados: eu tinha plano de saúde e meu esposo não. Mesmo com o plano é uma demora sem precedentes para ser atendido, em geral o hospital é limpo e etc, mas o médico olha pra sua cara 5 minutos, depois de no minimo 1 hora de espera e te da uma receita e pronto! Plano de saúde já foi bom no Brasil, quando infelizmente a situação economica da maioria não permitia que tanta gente tivesse plano, agora muita gente tem e os planos venderam mais sem melhorar/aumentar a rede de atendimento. No Hospital Público, a coisa é bem pior tivemos que ir a 2 hospitais, meu esposo estava vermelho como um camarão, com uma reação alérgica ao antibiótico fortissima e encaminharam ele para outro hospital porque aquele, adivinha?!?! Não tinha médico de plantão, graças a Deus que estavamos de carro se tivessemos que pegar onibus só Deus sabe, fico com muita pena das pessoas que não tem os privilegios que eu tive no Brasil, a vida delas é muito dificil. Depois fomos ao segundo hospital, mais 1 hora de espera, não me deixaram acompanhá-lo, quizeram colocar soro nele e ele não quiz, tamanha era a higiene do local. Uma senhora ao meu lado estava ali há 2 dias, com o pai semi-internado (tradução em uma maca ou colchão) esperando vaga para uma cirurgia urgente no coração. Ai eu me pergunto: Onde estão os trilhôes reais de impostos que o brasileiro paga todo ano?!!?
Outra coisa triste é a situação da crianças no Brasil, meu esposo ficou imensamente emocionado quando 3 crianças chegaram pedindo comida, foi muito triste. Ver a pobreza, as favelas é muito dificil. Mas tem uma coisa que sempre me emociona no Brasil, a felicidade do povo, sempre alegres, dispostos a ajudar.


No nosso caso, bailarinos, conseguir um trabalho que prestasse no Brasil era muito dificil, ainda vou fazer um post mais informativo sobre as companhias que conhecimos no Brasil, os salários, repertórios e tal. E olha que, modestia aparte, meu esposo é um excelente profisisonal. E achar um trabalho nessa área que pagasse o suficiente para viver era dificil. Achar companhias que tivessem um nivel técnico/artísico alto também é complicado.
Em geral achei o Brasil muito caro, os salários não acompanharam esse encarecimento do mercado do Brasil. Coisas que eu comprava a x há dois anos agora custavam 2x. E o preço dos imoveis/alugueis, estão impagáveis!


Mas o Brasil não é só tristeza não! Em geral eu AMO o Brasil de coração! Estar no calçadão no Rio escutando um sambinha não tem preço, ir a Pedra do Sal no rio . As praias do Nordeste, as montanhas de Minas, toda a diversidade da Amazonia não se encontra em nenhum lugar do mundo.
Que clima, que paisagens, que povo tão maravilhoso, a música, nossa cultura, tudo isso me faz uma falta agora! Não sei se voltaria a morar no Brasil, por causa da nossa profissão, mas sinto muita falta da minha terra! Só me da um tristeza enorme que um pais tão rico, com tanto recuro seja tão pobre ao mesmo tempo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário